quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Entre a carteirinha e a guitarra

Nesse momento eu tô dando uma pausa na vibe de futura mamãe. Ok, uma pseudo-pausa. Mas é só pra lembrar a mim mesma que, além da Marina, eu ainda tenho muita coisa pra pensar nessa vida. Digo isso enquanto aguardo o início da reunião do CRP (Conselho Regional de Psicologia, para os leigos), quando finalmente vou pegar minha carteirinha de registro no conselho. E aí eu pergunto: vou pegar a carteirinha e fazer o que com ela? Hum? Sem pensar em respostas malcriadas, digo que foi só uma reflexão que me ocorreu.
Pois bem, mas essa é realmente uma dúvida cruel, sabe. E não é de hoje. É desde quando eu entrei na faculdade, no início de 2005, e descobri que a psicologia é muito mais do que um consultório e um divã (pasmem). Aliás, acho que essa dúvida já vem de muito tempo antes. Desde sempre.
Quando eu era pequena (lá em Barbacena - not) queria ser professora porque, bem, toda menina quer ser professora. Depois disso, quis ser veterinária porque, ahm, toda criança quer ser veterinária. E aí, aos doze anos, que deve ter sido quando eu descobri o rock, abandonei a veterinária e pedi uma guitarra de presente pra mamãe. Nunca ganhei.
E não sei bem quando, veio a psicologia. Também não sei porque. Nunca tive nenhuma razão para querer ser e nem para ser, de fato, uma psicóloga. Mas cá estou eu, esperando a bendita carteirinha do CRP. Na reunião que ainda nem começou (aliás, só tem eu aqui). E agora? O que eu faço quando pegar a carteirinha? Tô pensando numa pós, ou mestrado, ou me dedicar à minha filha, investir num apartamento, fazer inglês, passar num concurso público ou quem sabe, deixar tudo como está mesmo.
Sabe qual é o problema? Eu quero tanta coisa dessa vida de psicóloga, mas tanta, que ás vezes acho que não quero nada. Que não levo jeito pra coisa e deveria fazer algo completamente diferente. Só não sei o quê. Na verdade, o fato é que nessas idas e vindas do pensamento, a psicologia sempre está presente. Em várias áreas, várias linhas, várias coisas que parecem todas tão legais, tão palpáveis e ao mesmo tempo impossíveis de se alcançar. Mas como escolher? Como manter o foco num único objetivo? Ah, se eu conseguisse pensar nisso com a mesma certeza e objetividade com a qual eu planejo o jantar, seria tudo bem mais fácil.
Só que agora, a única certeza que eu tenho nesse aspecto, é que não vou conseguir concluir esse texto, e simplesmente porque não sei me decidir.
E aí eu me vejo novamente naquela lembrança da infância, em que cada dia eu podia ser uma coisa diferente, sem me preocupar com carreira, dinheiro, com o quanto eu seria feliz sendo professora ou veterinária porque se eu não gostasse, pronto. Em um minuto mudava de profissão e ficava feliz de novo. Como era legal almejar as melhores coisas da vida, imaginar um futuro brilhante e acreditar que realmente ele iria acontecer. Mas, espera. Será que a gente deve parar de almejar? de acreditar? De querer um futuro brilhante??
...
Sabe mãe, acho que ainda vou querer aquela guitarra... ops. Começou a reunião.

Nenhum comentário: