domingo, 17 de abril de 2011

O pai-príncipe


Acho que eu sempre tive uma ideia meio distorcida em relação ao príncipe encantado. Talvez nem tão distorcida assim, já que sempre gostei de caras menos convencionais e com o tempo fui percebendo que uma boa parte das mulheres também prefere homens que fogem um pouco do padrão ‘cabelo lambido’ que a sociedade gosta de valorizar. De qualquer forma, desde quando a gente é criança, imaginamos que o futuro marido vai ser perfeito como aquele cara do filme, aquele ator lindo ou aquele integrante de boy band (aquele que hoje em dia bate na mulher e está na rehab). Se você é como eu e sempre foi uma boa menina, devia pensar desse jeito e se perguntar onde é que você iria achar um cara assim, tão perfeito.
O fato é que realmente o clichê de que ninguém é perfeito é verdadeiro, mas é possível sim encontrar alguém que preencha todos os requisitos necessários para um príncipe como aquele que você sonhava aos 11 anos de idade e que, ao longo da vida, depois de várias desilusões, achou ser inexistente. O problema é que temos tendência a tornar as coisas muito mais difíceis do que são e de vez em quando acaba batendo uma cegueira em relação aos relacionamentos que sempre nos leva pro cara errado que parece certo e não pro certo que parece errado. Entendem ou to confundindo vocês?
Bom, é tudo muito simples. Tudo que eu quero dizer é que príncipes existem e o pai da Marina é o meu. Um príncipe totalmente fora do convencional, que tem os cabelos bagunçados, é barbudo, usa óculos de grau, é pançudinho e tem o bronzeado de um floco de neve. Lindo, doce e desajeitado que só, tem me mostrado todos os dias como a amizade, cumplicidade e bondade são fatores fundamentais pra um amor crescer e perseverar a cada dia e que essas sim, são características de um relacionamento e de um cara perfeito.
Claro que nossa história nem sempre foi bonita. Aliás, é agora que a beleza dela vem acontecendo, pois mesmo com várias diferenças, brigas, idas e vindas, aprendemos a valorizar o que é realmente importante e vamos caminhando pra passar todo o amor e companheirismo que pudermos para a Marina. Inclusive, espero que ela tenha muita coisa do pai. Sua inteligência, criatividade, generosidade, humildade e, se possível, a responsabilidade com as finanças e o cabelo macio :P
De minha parte, vou fazer o possível pra que ela aprenda desde cedo a reconhecer o que é importante na vida, para que siga confiante de que o amor é algo simples e possível, para que tenha a certeza de que príncipes existem. Podem não ter o cavalo branco e o peitoral definido como os das historinhas, mas fazem rir, gostam de rock e têm o abraço mais gostoso do mundo. São amigos, leais e companheiros daqueles que você pode contar pra vida toda.
É, a Marina tem sorte. O pai é um príncipe. E vocês não têm dúvidas de que a mãe é uma princesa né? (hihi) O melhor disso tudo, é a certeza que a herança dela vai ser a mais rica que se pode ter: todo amor que houver nessa vida :)

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Sofrer é normal

  Se você não gosta de ir ao médico, se evita marcar consultas, tirar sangue e fazer qualquer tipo de exame desagradável até que o seu corpo esteja suplicando por uma ajuda profissional... Não fique grávida! Isso mesmo. Eu já perdi a conta de quantas vezes fui ao médico nessa gestação, de quantos exames fiz e devem faltar umas três consultas pra fechar o pacote. E depois disso ainda vêm as consultas pós-gravidez e eu, que fui ao médico pela última vez quando tinha 12 anos e ainda ganhei um pirulito, vou acabar virando uma dependente nata do doutor.
O pior é que o médico, conhecido em seu mundo como Obstetra, se transforma de amigo para inimigo em frações de segundo. Você, que enxerga nele a única esperança para solucionar sintomas extremamente chatos e doídos que a gravidez proporciona, é obrigada a se conformar com seu pseudo-salvador alegando que tudo que você sente é normal. Nunca vivenciou isso? Seguem alguns exemplos para facilitar a compreensão:

Você, com aparência esverdeada – Dr. e esse enjôo que não passa? Não como nada, vomito 38 vezes por dia, não consigo nem tomar água.
Doutor – É normal.

Você, chorando de soluçar – Dr. estou morrendo de dor nas costas, não consigo mais trabalhar, nem fazer nada que exija ficar sentada o dia todo. O que eu faço?
Doutor – É normal.

Você, com olheiras profundas – Dr. estou tendo severas quedas de pressão, dor de cabeça e muita sonolência. Não consigo ficar acordada. E agora?
Doutor – É normal.

Ou seja, coitadinha de você que acha que o médico vai curar todos os males decorrentes da gravidez. Vá se acostumando com a ideia de que esse não é o trabalho dele. O trabalho dele é assistir todo o seu sofrimento de camarote e ainda dar risadinhas maldosas, do tipo ‘tadinha, mal sabe o que a espera’. 
Além disso, ele tem o grande poder de acabar com sua autoestima. Você vai saltitante e feliz para o consultório, cheia de orgulho porque ‘só’ engordou três quilos desde a última consulta e tudo o que consegue é levar uma baita bronca sobre como você está acima do peso e não pode nunca mais comer chocolate. Aí entra em cena sua mãe, que vai junto na consulta e resolve contar pro médico tudo que você faz de errado. Juntos, eles vão tornar esses minutinhos uma verdadeira tortura psicológica. Prepare-se para esses momentos e mantenha pensamentos positivos :P
...
Mas ok, depois desse desabafo de quem acabou de voltar de uma consulta, preciso confessar que, mesmo assim, agradeço todos os dias por ter um médico atencioso e preocupado com meu bem estar, ainda que seja desse jeito estranho e que em certos momentos eu não queira nem ouvir o que ele tem pra me falar. Devo dizer o quanto é importante alguém que seja exigente com seu peso, com seus exames e com a saúde de sua bebezinha. E mais, muito melhor ouvir que tudo que você sente é normal do que o contrário né?
Minha conclusão é que médico definitivamente não é a pessoa certa pra você pedir clemência. Ele está ali pra fazer um acompanhamento saudável da gestação e (infelizmente) não vai interferir nos seus sintomas ‘normais’ só porque você reclama. Então, essa parte do drama a gente faz pro namorido ou pra mamãe que, mesmo colaborando com a malvadeza do médico durante as consultas, sempre compra aquele chocolatinho proibido pra você comer mais tarde ;)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Minha barriga não é sua

Hoje lendo os ‘tuits’ de uma amiga que também tá nessa de esperar um bebê, me identifiquei com seus comentários sobre como as pessoas (desconhecidas até) se acham no direito de opinar constantemente sobre a nossa gravidez, pegar na barriga e contar suas histórias mirabolantes sem que a gente tenha sequer perguntado.
Eu ainda não me acostumei com as queridas vendedoras simpáticas que vêm pegando na minha barriga assim que eu entro nas lojas. Já não é muito bacana a família inteira fazer isso o tempo todo, quanto mais gente que você nem conhece! E isso me incomoda de um jeito... Parece que estou sendo privada de fazer qualquer movimento, fico dura, sem reação até que a tia da padaria tire sua mãozinha dali. Mas ela não vai fazer isso enquanto não perguntar de quantos meses você está, se é menina ou menino, qual o nome que você escolheu e ainda soltar um ‘Ah, mas tá uma grávida bonita! Bem gordinha!’ ¬¬ Isso se não perguntar quantos quilos você engordou, claro.
Gente, me diz por que ela quer saber? Por que o mundo está infestado de tias xeretas que não respeitam a privacidade de uma grávida que quer simplesmente comprar uns pãezinhos? Nunca peguei numa barriga desconhecida e depois dessa experiência, vou manter essa postura por toda a vida. Com certeza.
Talvez ainda piores, sejam as mulheres que chegam pra comentar as terríveis experiências que tiveram na gravidez. Adoram ressaltar que a pele ficou cheia de manchas, o pé do tamanho de um pão de ló, que o corpo ficou todo trabalhado nas estrias e o nariz inchou tanto que nunca mais voltou ao normal. Oi? Será que eu não posso me desesperar sozinha conforme as mudanças forem acontecendo no MEU corpo? Porque, felizmente, ele é diferente do seu e não quero ficar me preocupando com o tamanho do meu nariz, sendo que já tenho um quadril grande o suficiente pra me estressar.
E as histórias sobre o parto? Eu decididamente não quero saber se sua prima entrou em coma depois de uma cesariana mal sucedida ou se você levou 34 pontos na vagina porque seu médico te rasgou inteira. Não quero saber, obrigada. Os próprios programas destinados às gestantes, os sites e toda fonte de informação que eu busco já me dizem (e assustam) o suficiente sobre tudo isso. Então, por favor, não me conte mais nada.
Com certeza prefiro viver toda essa parte ‘mágica’ da gravidez sozinha, esperançosa de que minha história vai ter um final feliz e meu nariz vai continuar do tamanho que sempre foi. Aliás, histórias e comentários felizes, esses sim, são sempre bem-vindos. Me conta de novo como foi que aquela sua cunhada perdeu 20 quilos em um mês após o parto? :D

Dedicado à Rebecca Neto, que me inspirou e me entende.

terça-feira, 12 de abril de 2011

São tantas emoções..

Puts, como eu queria ser mais assídua nesse blog. Prometi à mim mesma que ia me dedicar a ele toda semana e olha aí... já passou mais de um mês desde a última postagem. Shame on me. Mas não pensem que eu tô feliz com isso. É que eu continuo aqui me preparando pra chegada da Marina e o fato é que essa espera não é nada fácil.
Para esta que vos fala, esperar já é difícil por si só. Ansiedade deveria ser meu nome, sobrenome, endereço e ascendente no zodíaco. Ainda mais quando essa espera se refere à Marina. Passou o chá de bebê e continuo com mil coisas pra fazer antes de ela chegar. E tem ainda a barriga pesada, a dor nas costas que quase não me deixa mais trabalhar, o medo do que está por vir, o cansaço e um estado emocional totalmente abalado, sensível e guiado por alterações hormonais das mais bravas e bizarras. Se eu já era chorona antes de engravidar, digo que nesse momento da minha vida, no auge dos sete meses e meio de gestação, devo ser a grávida mais chorona que já existiu.
É a novela, a dor de cabeça, o desastre no Japão, o ganho de peso que não acaba nunca, um cd de músicas infantis, os amigos, a mãe, o trabalho, o cachorro e o namorado. Tudo é motivo pra cair no chororô. Dia desses foi o suco de uva. Caiu no chão, lambuzou tudo e, ai... É só lembrar esse terrível episódio e as lágrimas já querem brotar novamente. Nem sei por quê. Foi até engraçado. Tanto, que eu ri e chorei ao mesmo tempo. Ri e chorei muito. Se isso não for alteração hormonal decorrente da gravidez me avisem que eu vou me internar no hospício mais próximo. Mas bem, acho que é.
Meu namorado também vem sofrendo um bocado com isso. Tudo que ele tem feito é tentar me agradar e mesmo assim tem dias em que eu não consigo fazer mais nada a não ser brigar com ele. E me dá aquela raiva por ele ser tão desligado, aquela tristeza por ele não me dar carinho quando eu peço e tudo que eu quero é que ele suma pra sempre. E aí no minuto seguinte eu choro ainda mais, rio das gracinhas dele e fico feliz de novo. E ele me faz feliz, sabe? De verdade. Acho importante ressaltar isso aqui, depois de ter tantos surtos de impaciência com o coitadinho.
Resumindo, eu não sei nem explicar o que venho sentindo. Não sei dizer se esse post tinha como objetivo ser feliz ou triste, se minha ansiedade é medo ou êxtase, se meu namorado é mesmo tão desligado ou se sou eu, que quero todo mundo ligado e me dando atenção 100% tempo (acho essa opção bem provável). Mas acredito que essa salada de emoções que vem me acometendo é só um preparo pro que vem por aí. Porque a maior emoção do mundo ta chegando e daí sim eu vou poder rir, chorar, me descabelar, morrer de medo e de felicidade, tudo junto e misturado.
E enquanto ela não chega, eu continuo aqui esperando e me emocionando com qualquer comercial de margarina. Ser mãe não é mais ou menos isso? Chorar em comercial de margarina? Minha mãe chora. Chora também no especial de Natal do Roberto Carlos, principalmente quando ele diz (se preparem para o clichê): ‘... Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi..’ E quer saber? É isso aí! :)