sábado, 26 de fevereiro de 2011

Tédio e solidão, as delícias da vida.

Esse título ficou meio masoquista-depressivo né? Mas não foi esse o objetivo. O que eu quero ressaltar nesse post, é como esses dias de tédio, em que a gente fica sozinho em casa sem ter o que fazer podem ser proveitosos. Ultimamente, eu aguardo o final de semana especialmente pra isso. Aproveitar o tempo pra descansar e ficar no meu mundinho.
Ok. Aí vocês vão achar que eu tô ficando velha. E não tenham dúvidas que esse lance de maternidade também contribui pra isso. Mas a verdade é que eu sempre fui assim. Quem me conhece sabe de todo meu potencial autista. Eu realmente acredito que esse tempo solitário é essencial pra viver melhor. Não consigo ser igual meus amigos baladeiros que começam o fim de semana cheios de compromissos marcados, festas, reuniões e todo esse frisson social. O fato é que eu me canso rápido dessas coisas. E me canso um pouco das pessoas também.
Minha mãe acha inadmissível eu ficar sozinha, abandonada em casa. Ou ‘jogada às traças’ como ela mesma diz. Mas acho o máximo poder curtir um pouco sozinha. Fazer as unhas, assistir um filme, escrever, fazer uma panela de brigadeiro, assistir Friends, dar um chamego no cachorro, ler um livro bacana, dormir a tarde toda... Sem nada nem ninguém pra ‘incomodar’. Serve pra gente pensar um pouco na vida, colocar a cabeça em ordem e esquecer um pouco dos problemas também.
Eu recomendo. Recomendo que todo mundo tire um dia ou outro pra ficar consigo mesmo, de pernas pro ar, pra fazer tudo aquilo que nunca dá tempo nessa vida louca que a gente leva. Vale a pena cada segundinho.
Ah! Aproveitando esse ócio criativo, mudei tudo por aqui. Desde o nome do blog, até o layout, que ficou com cara de casa da vovó. É, vai ver que eu tô ficando velha mesmo.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Entre a carteirinha e a guitarra

Nesse momento eu tô dando uma pausa na vibe de futura mamãe. Ok, uma pseudo-pausa. Mas é só pra lembrar a mim mesma que, além da Marina, eu ainda tenho muita coisa pra pensar nessa vida. Digo isso enquanto aguardo o início da reunião do CRP (Conselho Regional de Psicologia, para os leigos), quando finalmente vou pegar minha carteirinha de registro no conselho. E aí eu pergunto: vou pegar a carteirinha e fazer o que com ela? Hum? Sem pensar em respostas malcriadas, digo que foi só uma reflexão que me ocorreu.
Pois bem, mas essa é realmente uma dúvida cruel, sabe. E não é de hoje. É desde quando eu entrei na faculdade, no início de 2005, e descobri que a psicologia é muito mais do que um consultório e um divã (pasmem). Aliás, acho que essa dúvida já vem de muito tempo antes. Desde sempre.
Quando eu era pequena (lá em Barbacena - not) queria ser professora porque, bem, toda menina quer ser professora. Depois disso, quis ser veterinária porque, ahm, toda criança quer ser veterinária. E aí, aos doze anos, que deve ter sido quando eu descobri o rock, abandonei a veterinária e pedi uma guitarra de presente pra mamãe. Nunca ganhei.
E não sei bem quando, veio a psicologia. Também não sei porque. Nunca tive nenhuma razão para querer ser e nem para ser, de fato, uma psicóloga. Mas cá estou eu, esperando a bendita carteirinha do CRP. Na reunião que ainda nem começou (aliás, só tem eu aqui). E agora? O que eu faço quando pegar a carteirinha? Tô pensando numa pós, ou mestrado, ou me dedicar à minha filha, investir num apartamento, fazer inglês, passar num concurso público ou quem sabe, deixar tudo como está mesmo.
Sabe qual é o problema? Eu quero tanta coisa dessa vida de psicóloga, mas tanta, que ás vezes acho que não quero nada. Que não levo jeito pra coisa e deveria fazer algo completamente diferente. Só não sei o quê. Na verdade, o fato é que nessas idas e vindas do pensamento, a psicologia sempre está presente. Em várias áreas, várias linhas, várias coisas que parecem todas tão legais, tão palpáveis e ao mesmo tempo impossíveis de se alcançar. Mas como escolher? Como manter o foco num único objetivo? Ah, se eu conseguisse pensar nisso com a mesma certeza e objetividade com a qual eu planejo o jantar, seria tudo bem mais fácil.
Só que agora, a única certeza que eu tenho nesse aspecto, é que não vou conseguir concluir esse texto, e simplesmente porque não sei me decidir.
E aí eu me vejo novamente naquela lembrança da infância, em que cada dia eu podia ser uma coisa diferente, sem me preocupar com carreira, dinheiro, com o quanto eu seria feliz sendo professora ou veterinária porque se eu não gostasse, pronto. Em um minuto mudava de profissão e ficava feliz de novo. Como era legal almejar as melhores coisas da vida, imaginar um futuro brilhante e acreditar que realmente ele iria acontecer. Mas, espera. Será que a gente deve parar de almejar? de acreditar? De querer um futuro brilhante??
...
Sabe mãe, acho que ainda vou querer aquela guitarra... ops. Começou a reunião.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

E tem os amigos..

Uma das coisas boas de entrar nessa de ser mãe é perceber o quanto as pessoas gostam de você de verdade. Você as choca com uma notícia dessas, dá um puta golpe de realidade e o que recebe em troca? Lágrimas, abraços, puro amor e carinho. O que mais se pode querer? É lindo ver os amigos se transformarem em ‘tios’, se colocarem a disposição, se importarem, demonstrarem que toda aquela amizade verdadeira pode se transformar em algo ainda maior, e por alguém que nem nasceu ainda!
Me orgulho de vê-los fazendo planos, imaginando o futuro da minha pequena sempre cercada das energias boas que eles têm a oferecer. E dito isso, relevo que esses planos sejam os mais mirabolantes possíveis, daqueles que deixam qualquer mãe de cabelo em pé, do tipo ser uma estrela do rock ou fugir de casa aos quinze anos. Mas isso é coisa pra se preocupar depois. O que importa agora é o apoio recebido, o poder contar um com o outro e a certeza de que na vida a gente realmente faz laços que são pra sempre e que permanecem atados em todas as circunstâncias.
Além disso, com amigos assim, você tem babás garantidas para as mais diversas situações e ainda ganha muitos presentes para a pimpolha (convenhamos que estes são pontos relevantes a serem destacados). Tem quem diga que vai ensinar a andar de bicicleta, a nadar, a tocar bateria, a jogar futebol e a peidar (sim, tem isso também). Mas deixa só ela nascer que eu quero ver as promessas todas se cumprindo e, de preferência, fraldas sendo trocadas.
Enfim, o que eu quero dizer é um baita ‘Obrigada’ a todo mundo que vêm se manifestando de forma tão positiva com a gente. Pois, de certa forma, ajudaram a amenizar o medo inicial e a transformá-lo em uma alegria imensa, não só pela espera da Marina, mas também por nos fazerem perceber que amigos de verdade realmente estão aí pro que der e vier e que nossa vida tá cheia deles! :)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Menina, Mulher, Marina.



Oi? Tem alguém aí? Alguém?
Bom, faz quase um ano que eu não venho aqui. Lembro que criei esse blog com muita vontade, louca pra expressar tudo aquilo que eu sempre quis. As crises, as inutilidades, os desabafos, os gostos, tudo. E não parei de postar porque perdi essa vontade. Acho que parei porque a vontade cresceu mais ainda. Dá pra entender ou não? É, também não entendo direito. Mas acho que é isso mesmo. As crises, inutilidades, os desabafos, as vontades... Tudo cresceu durante o ano que passou e a cabeça, tão cheia de ideias, acabou deixando esse espaço vazio, já que ela andava tão confusa e desorganizada que não conseguiu, bloqueou, confundiu-se tanto que não quis demonstrar. Sei lá, sabe.
O fato é que realmente muito acontece em dez meses. A gente engorda, emagrece, toma uns quatro ou cinco porres, conhece algumas pessoas válidas e outras descartáveis, arruma um emprego que gosta e odeia ao mesmo tempo, assiste vários shows bacanas, termina o relacionamento mil vezes e retoma outras mil. Chora, ri e briga tantas vezes que se tivesse desabafado tudo nesse blog, ele já teria expirado ou explodido, de tanta coisa que teria sido escrita.
Mas se algo realmente importante aconteceu nesse tempo foi que eu finalmente tive que virar gente grande. E não por conta do trabalho, do relacionamento, das dívidas, da idade ou qualquer outro fator que fazem com que as pessoas cresçam consideravelmente, porque por mais que eu tenha vivido tudo isso, eu sempre quis ser menina, adolescente, que curte a vida acima de tudo, que chora por causa do amor não correspondido, que bebe todas na sexta-feira e passa o sábado inteiro de ressaca. Foi assim que eu sempre vivi, sempre gostei de ser assim, uma menina. Mas acontece que meninas crescem e, pasmem, elas podem – e viram – mães. Sim, mães. Igual aquela que sempre cuidou de mim, que aturou meus porres, que me deu dinheiro pra sair, que brigou comigo tantas vezes por não admitir que eu chorasse por garotos maus.
E eu que sempre achei que nunca ia virar uma dessas. Que ia ter três cachorros, um apartamento e um carro bonito. E, se desse sorte, ia ter um bom marido também. Mas nunca um filho. Um filho hoje em dia? Isso não se faz! É coisa do passado...Hum, não é. É coisa do presente e do futuro. Que dá medo, que ainda ta longe, que ta muito perto de acontecer. É, um filho. Ou melhor, uma filha. Marina. É a Marina que agora vai correr pros braços de uma mãe pra chorar por garotos, ela que vai tomar porres, que vai em vários shows bacanas e que também vai ter mil e uma ideias na cabeça tentando colocar todas em prática ao mesmo tempo. E eu? Eu vou ficar lá. Do lado dela. Tentando tirar algo legal de tudo isso que eu também vivi pra que ela possa (re)viver da melhor maneira possível. Eu, que há dez meses atrás, quando criei esse blog, ainda era menina, vou ser uma mãe. E daqui a dez meses, eu ainda vou ser uma mãe. E some aí mais dez meses e dez meses e mais dez meses, pra sempre. Daqui pra frente, minha cabeça tão cheia de ideias pode ter uma certeza. Vou ser mãe. Uma mãe cuidando de uma menina. Quem sabe um dia ela faz um blog também :)